John Philip Sousa - a diáspora portuguesa no mundo

Há muitas formas de aprender e uma delas estava quase esquecida para mim: a rádio. De facto, há muito que reservo à rádio apenas duas tarefas: ouvir notícias; e ouvir música (em geral quando viajo de carro). Ontem, enquanto percorria canais de rádio durante uma pequena viagem ouvi uma reprodução duma marcha militar que já havia ouvido dezenas de vezes: Stars and Stripes Forever.
O que eu não sabia e só ontem fiquei a saber é que o autor desta marcha era luso-descendente. John Philip Sousa nasceu em Washington em 1854, mas era filho de um português nascido em Espanha e, portanto, neto de portugueses de origem açoriana, os quais, segundo a nota biográfica que li, se refugiaram no país vizinho. John Sousa apelidava-se a si próprio "The March King" (O Rei das Marchas) e compôs inúmeras marchas militares, operetas e até os hinos de 4 universidades americanas. A ele se deve a criação do Sousafone, uma imensa tuba carregada ao ombro do músico, a qual visava o reforço dos graves nas suas marchas; e, bem assim, foi também um dos responsáveis pela grande divulgação do piccolo, um flautim que toca uma oitava acima da flauta comum e cujo som recorda o cantar de um rouxinol. (Na marcha abaixo reproduzida - uma reedição de 1931 de uma obra datada de 1909, inicialmente editada pela Thomas Edison Records - é bem audível o som do piccolo).
Enfim, isto pode não interesse nenhum mas achei curioso e... por pouco racional que isto possa parecer, fiquei de certa forma orgulhoso por o John Philip Sousa ser neto de portugueses que, por alguma razão que não descortinei, tiveram que se pisgar de Portugal. É o mesmo tipo de orgulho que sinto quando o Cristiano Ronaldo marca um golo pelo Real Madrid ou quando um estremocense - que não conheço nem conheço ninguém que conheça - vai treinar uma equipa rival da minha preferida.
O bairrismo e o nacionalismo pode ser irracional mas lá que existe, existe.


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1 comentários:

Amigo António:
Gostei do teu post, que não me importava de subscrever no meu blog DO TEMPO DA OUTRA SENHORA (http://dotempadaoutrasenhora.blogspot.com).
A parte final onde falas de nacionalismo e de bairrismo, mereceu-me uma reflexão, que passo de seguida a expor:
Portugal é ou não uma Nação? Temos ou não uma História? Temos ou não temos tradições? Temos ou não temos usos e costumes, diferentes dos da Espanha, da China ou da Nova Zelândia? Se temos, eu sou nacionalista.
Ser bairrista corresponde a nutrir amor e ter orgulho pela terra e pela região onde nascemos. Como eu tenho amor à cidade onde nasci (Estremoz) e à região onde vivo (Alentejo), então sou bairrista.
Numa época de globalização, em que há órgãos de poder transnacionais e políticos empenhados em apagar os vestígios de identidade cultural, nacional e regional, é saudável ser nacionalista e ser bairrista. Naturalmente com o respeito pela identidade cultural, nacional e regional, doutros povos.
Não considero que o nacionalismo e o bairrismo sejam em si irracionais. Irracionais são aqueles que em seu nome, advogam ideias xenófobas, racistas e anti-semitas.

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