"Relembrar para não esquecer"

José Capitão Pardal



Pela sua importância e por concordar plenamente com o seu conteúdo, tomo a liberdade de transcrever o texto inserto no blog "Relembrar para não esquecer", da autoria de Inácio Silva, sobre o discurso proferido pelo Presidente da Comissão das Comemorações do 10 de Junho de 2010, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, Dr. António Barreto.

Chai - Companhia de Cavalaria nº 3508
1972 a 1974 - Entrega do correio
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Quinta-feira, 10 de Junho de 2010

10JUN2010 - António Barreto dá uma chicotada psicológica aos mais Altos Representantes de Portugal

ANTÓNIO BARRETO, intelectual e cientista social, autor dos documentários para a RTP, “Um retrato social”, realizados em 2006, encarna publicamente, em frente das mais altos responsáveis do país, o sentimento e a mágoa dos ex-combatentes.

Confesso que não sabia que António Barreto era o responsável pela Comissão das Comemorações do 10 de Junho de 2010, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, mas foi com uma agradável surpresa que ouvi o seu discurso, quase todo virado para os ex-combatentes, preocupado em salientar o facto de não haver vários tipos de combatentes, como alguns pretendem.

Existe, apenas, um tipo de combatente: aquele que em nome do seu país, serviu ou serve, em território português, ou no estrangeiro, por mandato do Estado Português. Entenda-se que as ex-colónias, hoje países estrangeiros, eram, na altura da guerra colonial, consideradas terras sob administração portuguesa...

António Barreto proferiu, no meu ponto de vista, o discurso que os ex-combatentes esperavam ouvir, há mais de 40 anos, e que nenhum político ousou dizer, talvez com o receio de ser conotado com uma ou outra força política, por concordância ou discordância da manutenção das guerras do ultramar.

O desassombro e a inspiração de António Barreto merece a nossa vénia e o nosso obrigado. Ele soube definir, com tamanha clareza de espírito e evidência o que levou tantos milhares de jovens a deixar as suas terras e as suas famílias, os seus amigos, os seus empregos, para serem levados, sem vontade própria, para terras que desconheciam, sem um “bilhete de passagem” que lhes garantisse o regresso.

A tal dívida de gratidão, tantas vezes proferida por milhares de ex-combatentes e que ventos hostis nunca permitiram que chegasse aos nossos governantes, foi – graças ao António Barreto - insuflada, à força, um a um, nos ouvidos dos governantes ali presentes.

A partir de hoje, nenhum deles poderá dizer que desconhece existir uma dívida de gratidão e que ela terá que ser paga, com ou sem existência de crise.

É certo que o País já possui legislação sobre algumas questões que afectavam e afectam os ex-combatentes, relacionadas, justamente, com as situações mais gritantes de injustiça social, tais como, o apoio aos deficientes e aos afectados pelo "stress" pós traumático.

António Barreto afirmou que "Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos”, reforçando que o “esquecimento e a indiferença são superiores”, sobretudo "por omissão do Estado".

Barreto acusa o Estado de ser pouco "explícito no cumprimento desse dever", avisando que está na altura de "eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre veteranos de nome e veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos".

Um antigo combatente não pode ser tratado de "colonialista", "fascista" ou "revolucionário", mas simplesmente "soldado português",.

O dia 10 de Junho de 2010 fica marcado, também, por ter sido a primeira vez que os antigos combatentes desfilaram na cerimónia militar oficial do Dia de Portugal.

Como ex-combatente, sinto-me profundamente grato pelas palavras de António Barreto, que me tocaram o coração.

Um bem-haja.

Inácio Silva

ecosonline disponível em www.jornalecos.com.pt

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O Economês Descomplicado - O Sonho Português

Imagem recolhida em The Baltimore Sun

Certa ocasião um banqueiro português recebeu um cliente a quem não queria dar crédito, mas a quem não podia também dizer que não. Convidou-o então para dar um passeio pela baixa lisboeta. Regressados ao banco, disse-lhe: "Eu não lhe empresto o dinheiro, mas depois de termos sido vistos juntos, qualquer um dos meus colegas o vai financiar.”
Na última crónica abordei a crise do Subprime que teve o seu início nos EUA em 2007 e se propagou a todo o mundo em 2008. Portugal como economia aberta e muito exposta ao exterior, não ficou imune a todos estes acontecimentos e a crise financeira bateu também à nossa porta.
Mas as perguntas que podemos fazer são: Não contribuímos também nós para este estado de coisas? Estamos isentos de culpas?
Pois é, caro leitor. Portugal também não ficou imune a essa loucura desenfreada do crédito fácil. A pequena história que se conta no início da crónica, diz-se, teve lugar na década de 80 do século passado. Do conservadorismo financeiro retratado então, passou-se para a vertigem do crédito e do consumo.
Quem de nós não foi contactado por carta ou por telefone por uma qualquer instituição financeira com a oferta de um crédito para "realizar o seu sonho".
Como tivemos de resistir - muitos não conseguiram (a maioria) - à oferta de crédito fácil para: - comprar casa (se já tínhamos uma, devíamos comprar uma segunda habitação para casa de férias); - comprar acções e fundos de empresas que iriam sempre valorizar; - para cartões de crédito, muitos e variados; - para comprarmos computadores e ir-mos de férias para destinos paradisíacos.
Enfim, o ”Sonho Português”.
Todos se deixaram embalar pela ilusão de um mundo de crédito sem factura. "Se os bancos nos emprestam é porque não há problema, eles sabem o que estão a fazer", diziam os cidadãos. "Se as pessoas aceitam o crédito é porque podem pagar, elas sabem o que andam a fazer", diziam os banqueiros, os reguladores e até os políticos.
Mas, afinal, ninguém sabia o que andava a fazer.
O problema é que nos habituámos a gastar o dinheiro que não tínhamos.
De exibir a riqueza que não produzíamos.
O cidadão pedia emprestado ao banco; O banco pedia emprestado aos mercados financeiros internacionais e assim fomos caminhando alegremente até aos dias de hoje, quando de repente acordamos do sonho e pensamos no pesadelo.
Há cerca de uma década, que em Portugal se estava a ir longe de mais na concessão de crédito. Vários especialistas alertaram que o País estava endividado; recomendavam que se pusesse um travão na concessão de créditos e muitas foram as vozes que avisaram que se estava a fazer um perigoso negócio de exploração do analfabetismo financeiro dos portugueses, sob a máscara do valor da liberdade individual.
Num mundo globalizado e turbulento, em que já ninguém confia em ninguém, a banca e as instituições financeiras internacionais, os chamados “Mercados”, olham para Portugal com desconfiança.
Olham para as nossas instituições públicas, para as nossas instituições financeiras, para as nossas empresas e para as nossas famílias e interrogam-se:
- “Como é que vão pagar o que nos devem?”
Caro leitor, não desanime, não era essa a minha intenção, irei continuar em próximas crónicas a abordar estes temas e talvez consiga abrir janelas de esperança, que nos ajudem a encontrar o caminho.

Publicado também no jornal ECOS, edição de 04/06/2010 e no blogue O Economês Descomplicado

Deliberações da Reunião da Câmara do dia 2 de Junho de 2010


DELIBERAÇÕES DA REUNIÃO DE CÂMARA DO DIA 02/06/2010

Em conformidade com o disposto no art.º 91.º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, com a redacção que lhe foi dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, tornam-se públicas as deliberações e decisões tomadas pela Câmara Municipal de Estremoz, reunida em sessão ordinária do dia 2 de Junho de 2010.


A Câmara deliberou o seguinte:

 Por unanimidade, nos termos do Código das Expropriações, aprovado pela Lei n.º 168/99, de 18 de Setembro, aceitar a proposta apresentada pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, para expropriação de 28059,00 m² do prédio rústico denominado Baldio de Santa Catarina, sito na Freguesia de S. Bento de Ana Loura, do Concelho de Estremoz, registado sob o artigo 262-F, pelo valor de 5.996,22 €, destinado ao Aproveitamento Hidroagrícola de Veiros/Construção da Barragem de Veiros;
 Por unanimidade, celebrar um Contrato de Comodato com a Junta de Freguesia de Estremoz (Santa Maria), relativo à cedência de gozo do edifício escolar sito em Mamporcão, Freguesia de Santa Maria, Concelho de Estremoz, descrito na Conservatória do Registo Predial de Estremoz sob o n.º 2865/20090105 da Freguesia de Santa Maria, correspondente ao artigo matricial n.º 1122;
 Por unanimidade, celebrar um Protocolo de Apoio com a Junta de Freguesia de Evoramonte, relativo à execução da obra de "Reconstrução do telhado do edifício do antigo Paço do Concelho de Evoramonte", propriedade e sito na área territorial da mencionada Junta de Freguesia;
 Por unanimidade, celebrar um Protocolo de Apoio com a Junta de Freguesia de Glória, relativo à aquisição de "1 Dumper VN-ASTEL, mod. JDV 3000 PA, c/ Tecto e Retro", que será utilizado para trabalhos essenciais na área territorial da mencionada Junta de Freguesia;
 Por unanimidade, nos termos do disposto na alínea b) do n.º 4 do Artigo 64.º da Lei n.º 169/99 de 18 de Setembro, na redacção da Lei n.º 5-A/2002 de 11 de Janeiro, atribuir um subsídio no valor de 10.000,00 € como patrocínio para chegada a Estremoz da etapa do dia 11 de Junho da "Volta ao Alentejo 2010";
 Por unanimidade, nos termos do disposto na alínea a) do n.º 4 do art.º 64.º da Lei n.º 169/99 de 18 de Setembro, na redacção da Lei n.º 5-A/2002 de 11 de Janeiro, atribuir um subsídio no valor de € 2.000,00 à "Ginarte - Associação Desportiva e Cultural de Estremoz", como apoio à deslocação desta Associação ao 7.º EUROGYM, a realizar de 10 a 16 de Julho na cidade de Odense, Dinamarca;
 Por unanimidade, nos termos do disposto na alínea a) do n.º 4 do Artigo 64.º da Lei n.º 169/99 de 18 de Setembro, na redacção da Lei n.º 5-A/2002 de 11 de Janeiro, atribuir um subsídio no valor de 800,00 € ao Núcleo de Estremoz da Liga dos Combatentes, como apoio ao pagamento de despesas respeitantes à sua Sede Social e Lar de Idosos;
 Por maioria, com quatro votos a favor do Presidente da Câmara e dos Vereadores Francisco Ramos, José Trindade e Sílvia Dias, com dois votos contra dos Vereadores António Ramalho e José Fateixa e uma abstenção do Vereador José Ramalho, adquirir as fracções C, E, G e H do edifício do denominado "Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte", sito na Rua D. Vasco da Gama n.º 5 em Estremoz, pelo preço de 250.000,00 € e, após aprovação pelos órgãos competentes e registo na Conservatória do Registo Predial de Estremoz, a atribuição do lote de terreno n.º 2, com a área de 10108 m², sito no Plano de Pormenor da Zona Industrial de Arcos;
 Por maioria, com quatro votos a favor do Presidente da Câmara e dos Vereadores Francisco Ramos, José Trindade e Sílvia Dias, com um voto contra do Vereador António Ramalho e uma abstenção do Vereador José Fateixa, adquirir os prédios rústicos denominados "Tapada Nova" e "Tapada das Estacas", sitos na Freguesia de Veiros, do Concelho de Estremoz, pelo valor total de 154.739,40 €;
 Por maioria, com quatro votos a favor do Presidente da Câmara e dos Vereadores Francisco Ramos, José Trindade e Sílvia Dias, com um voto contra do Vereador José Fateixa e uma abstenção do Vereador António Ramalho, nos termos da competência prevista na alínea a) do n.º 6 do artigo 64.º articulado com o disposto na alínea d) do n.º 2 e n.º 7 do artigo 53.º da LAL aprovada pela Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção da Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro e n.º 8 do artigo 38.º da LFL, proceder à abertura de concurso para contratação de um empréstimo no montante de 1.124.739,40 €, com um prazo de vencimento de 20 anos e um período de carência de 3 anos, destinado a financiar os seguintes investimentos:
 Por maioria, com cinco votos a favor do Presidente da Câmara e dos Vereadores Francisco Ramos, José Fateixa, José Trindade e Sílvia Dias e uma abstenção do Vereador António Ramalho, nos termos da competência prevista na alínea a) do n.º 6 do artigo 64.º articulado com o disposto na alínea d) do n.º 2 e n.º 7 do artigo 53.º da LAL aprovada pela Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção da Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro e n.º 8 do artigo 38.º da LFL, proceder à abertura de concurso para contratação de um empréstimo no montante de 535.773,46 €, com um prazo de vencimento de 20 anos e um período de carência de 3 anos, destinado a financiar os seguintes investimentos:


 Por unanimidade, de acordo com a informação efectuada pelo Serviço de Património, Inventário e Cadastro e de conformidade com o n.º 2 do artigo 14.º do Regulamento Municipal para Atribuição de Lotes e com o contrato promessa de compra e venda celebrado em 6 de Junho de 2008, autorizar a celebração da escritura de compra e venda do lote de terreno n.º 91 da Zona Industrial de Estremoz com a empresa "Estremozcar - Comércio e Reparação Automóvel, Lda.", com sede no lote n.º 88 da Zona Industrial de Estremoz, devendo a mencionada compradora, no acto da escritura, proceder ao pagamento de 13.713,66 € correspondentes aos restantes 70% do preço total do lote, no valor de 19.590,94 € e, nos termos do disposto no artigo 16.º do citado Regulamento, prestar uma caução correspondente a 15% do preço total do lote, no valor de 2.938,64 €.

Nota de Imprensa da Câmara Municipal de Estremoz
Postado por Hernâni Matos

28ª Volta ao Alentejo em Bicicleta com Final de Etapa em Estremoz

A 28.ª edição da Volta ao Alentejo em Bicicleta faz-se à estrada de 10 a 13 de Junho de 2010, numa organização da CIMAC – Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central e da PAD/João Lagos Sport, com o apoio de vários municípios alentejanos, entre os quais a Câmara Municipal de Estremoz.
Num Concelho em que o desporto continua a mexer pessoas das mais variadas faixas etárias, onde a massa associativa detém um peso de extrema importância na formação das crianças e jovens desportistas, e no qual também os desportos praticados em bicicleta têm um importante peso, como o são os casos do Cicloturismo e do BTT, não será de estranhar também o apoio do Município e de todos os Estremocenses a este evento.
No próximo dia 11 de Junho, Estremoz recebe o final da 2ª etapa da “Alentejana”, pelas 16:00 horas, frente à Câmara Municipal, depois de ciclistas e carros de apoio entrarem na cidade pela EN18 ao Gil, Rua Serpa Pinto e Rossio Marquês de Pombal. Por outro lado, no dia 13 de Junho, a caravana volta a passar por Estremoz, cerca das 14:00 horas, desta vez pela freguesia de Glória e junto ao cruzamento de Redondo, seguindo depois em direcção a esta vila.
Se aprecia esta modalidade desportiva e não quer perder a oportunidade de ver de perto a alegria, a cor, o movimento e a dinâmica da Volta ao Alentejo em Bicicleta, junte-se a nós e participe. Junte-se à festa dos vencedores!

Nota de Imprensa da Câmara Municipal de Estremoz
Postado por Hernâni Matos

Domingo Desportivo em Estremoz


TORNEIO INTER-ASSOCIAÇÕES DA MALHA
No passado dia 6 de Junho, domingo, o Pavilhão do Mercado Abastecedor de Estremoz tornou-se pequeno para acolher o Torneio Inter-Associações da Malha, uma iniciativa da Câmara Municipal de Estremoz, em parceria com o Centro de Cultura e Desporto da Matriz de Borba.
Participaram neste torneio 22 equipas (13 do Concelho de Estremoz), mas apenas 10 levaram prémio para casa. A cerimónia de entrega dos prémios contou com a participação do senhor Vereador do Pelouro da Cultura, José Trindade, tendo sido entregues cinco prémios a equipas estremocenses: o 2.º, 5.º, 7.º, 8.º e 10.º lugares.
Esta prova, para além de ter contribuído para a prática salutar da actividade desportiva e para o convívio entre participantes, teve também como objectivo apurar as 10 equipas que irão representar o Concelho de Estremoz no torneio integrado nos Jogos da Zona dos Mármores, a decorrer no próximo dia 20 de Junho, em Borba, e no qual estarão presentes equipas de Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal.

PASSEIO DE CICLOTURISMO DA ZONA DOS MÁRMORES

 No mesmo dia, mas desta feita para os amantes do desporto sobre rodas e no âmbito dos Jogos da Zona dos Mármores, decorreu o Passeio de Cicloturismo da Zona dos Mármores, numa organização do Município de Estremoz, com o apoio do Grupo do Pedal de Estremoz.
Participaram nesta iniciativa uma centena de atletas, sendo 45 de Estremoz (Grupo do Pedal, Associação Rota d’Ossa e Kit’s Rolantes de Evoramonte), 27 de Vila Viçosa e 28 de Borba.
A prova saiu de Estremoz, passando por Glória, Bencatel e Alandroal (onde decorreu uma paragem para abastecimento dos atletas), seguindo depois por Vila Viçosa, Borba, Arcos e chegada em frente ao edifício dos Paços do Concelho de Estremoz.
No final da prova, que contou com o apoio da GNR-BT e dos Bombeiros Voluntários de Estremoz, decorreu um almoço convívio no Campo de Tiro de Estremoz.

Nota de Imprensa da Câmara Municipal de Estremoz
Postado por Hernâni Matos

A propósito da compra do Círculo

Está visto (e comprovado) que não podemos acreditar em tudo o que lemos. As notícias divulgadas hoje pela DianaFM pecam por alguma imprecisão.
Assim, tenho a informar que o custo de aquisição do Palácio denominado dos Marqueses de Praia e Monforte (o palácio é mais antigo que o marquesado da Praia e Monforte) é SIGNIFICATIVAMENTE SUPERIOR aos 250 mil euros anunciados. Na nota de imprensa o Sr. Presidente "esqueceu-se" de referir vai também entregar, a título de pagamento, um lote urbanizado (em rigor, a urbanizar a expensas do Município) na Zona Industrial dos Arcos cujo terreno de implantação custou há alguns anos atrás € 181 532,50. Ora somando 250 com 181 já vamos em 431 mil euros. Se agora levarmos em conta o custo das infraestruturas do lote em referência (incuindo águas, saneamento, sumidouros, bocas de incêndio, telecomunicações, gás industrial, lancis, passeios, asfaltamentos, marcações, rotundas, zonas verdes e regas) a única coisa que temos por certa é que não sabemos quanto custou o Círculo. Só sabemos que será mais que 431 mil euros (bastante mais, aliás). Imaginem um projecto, façam as contas ao que está em causa e arrisquem um número...
Eu sei que aos autarcas em exercício convém publicitar as decisões de uma determinada forma... digamos... politicamente correcta. Se calhar, por muito boas que sejam as intenções, se tivesse sido revelada TODA a verdade (e não, apenas, a parte da verdade que se afigura mais conveniente), podiam eventualmente surgir vozes incómodas a pôr em causa a oportunidade deste investimento, em especial quando se compromete a quase totalidade da capacidade de endividamento do munícipio em imóveis que trazem à ilharga pesados encargos adicionais. Se todos estivermos de acordo que estes investimentos são os de maior prioridade, então tudo bem. Se não forem, então é preciso ter consciência que este investimento é, no mínimo, pouco prudente, já que não gera os necessários retornos em tempo útil de deixarmos o concelho minimamente arrumado até ao final de 2013 (ano em que, provavelmente, a torneira comunitária fecha definitivamente).
Resumindo, aquilo que Luís Mourinha disse não é sequer uma meia verdade (nem sei se será uma terça verdade). Só sei que não acredito - como estou farto de dizer - nem em inocências nem em coincidências. E quem não diz toda a verdade fá-lo-á com alguma intenção que não será certamente a de esclarecer convenientemente.

BOMBEIROS DE ESTREMOZ - O regresso da velha senhora


Alguns dados biográficos:Nome: Esperança. Marca: Dodge Brothers. Matrícula: CH-10-94. Construção: Crysler Corporation Detroit, E.U. América. Ano: 1939. Motor: 6 cilindros em linha. 3919 cc. e 15 cav. Combustível: gasolina. Importação (chassis): SIPA, em 1939. Encarroçamento: H.Vaultier & Cª – Material de Incêndios, em 1940 (foi equipada com um completo conjunto de protecção e combate contra incêndios, incluindo um grupo moto-bomba Magirus e uma agulheta para espuma. Entrada ao serviço: 1940.
Decisão de aquisição: Reunião da Direcção de 18.Jan.1939 (quando da tomada de posse como comandante dos BVE do alferes de Cavalaria, Francisco Valadas Júnior).
Deixou de prestar serviço (por motivos de segurança) em 1968.

No seu registo consta o ano de 1939 como data de 'nascimento' nos EUA e, em Junho desse ano, a sua entrada em Portugal. Em 1940 chegou a Estremoz tendo recebido no baptismo o sugestivo nome de Esperança.
A esperança que nela depositavam as populações quando, em situações aflitivas, aguardavam com ansiedade a sua chegada. É a Dodge Brothers, primeira viatura pronto socorro adquirida pelos Bombeiros Voluntários de Estremoz.
Carregando homens e material ela e a sua inseparável companheira Fé (moto-bomba) iam onde fosse necessário, tanto no concelho de Estremoz como nos limítrofes de Sousel e de Monforte, avisando da sua passagem com o som repenicado e estridente da sua sineta de bordo. O autor destas linhas é um dos que bastantes vezes seguiu nela nas suas deambulações, e na memória tem gravados indelevelmente momentos vividos no combate ao fogo, como por exemplo, numa seara de trigo em Santo Aleixo (Monforte), num estabelecimento comercial na avenida principal em Sousel, nas eiras da vila de Cano, ou na fábrica de cortiças de José 'Pechincha' Sanches, na rua do Mizurado, ali ao lado do quartel, em Estremoz, para só falar destes.
Os anos de trabalho incansável foram deixando marcas e, com a idade e a chegada de outros modernos e mais adaptados meios, como o auto-tanque Chevrolet de 1967 novinho em folha, a Esperança passou para plano secundário e iniciou os primeiros dias do resto da sua vida em caminho acelerado para a sucata. Entrou na 'reforma' em 1968 e o destino foi um antigo barracão emprestado por um empresário local e ali ficou durante anos abandonada e quase esquecida. Em 1983, quando do cinquentenário da fundação dos seus 'donos' ainda participou no desfile e em 1985 acompanhou as suas 'companheiras' no cortejo da mudança para o novo quartel-sede. Todas as outras ali ficaram, mas ela voltou à escuridão do barracão.
Até que em Junho de 2007, o sargento mór (na situação de reforma) José António Ferreira, que comandou o corpo activo dos bombeiros entre 1981 e 1997 cismou que a velhinha Dodge não merecia morrer num qualquer ferro-velho e apresentou um plano para recuperá-la. E o agora vice-presidente da direcção da Associação Humanitária e comandante do Quadro Honorário dos bombeiros, apresentou a ideia com tal entusiasmo, que conseguiu contagiar os restantes elementos do elenco directivo para avançar com o desiderato. E com uma meta bem definida no horizonte: a Esperança regressaria em 2008 nas cerimónias comemorativas das 'Bodas de Diamante' da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Estremoz. Só que chegados aos 75 anos da Associação, com muita pena dos entusiastas pela sua 'cura de rejuvenescimento' a Esperança não estava, ainda, em condições dignas de fazer a sua reaparição.
Por vicissitudes várias esse dia só surgiria em 2010.
No primeiro domingo de Maio, dia 9, a Dodge viajou para Vila Nova de Famalicão onde, garrida e vaidosa, participou no desfile de viaturas clássicas de bombeiros, integrado nas festividades dos 120 anos dos voluntários locais.
E, no seu primeiro desfile a rejuvenescida Esperança foi das mais vibrantemente aplaudidas durante o trajecto, facto que encheu de orgulho os bombeiros Paulo Botas e Joaquim Paulo que, muito ufanos, eram seus tripulantes. Com uma indisfarçável 'pontinha' de vaidade assistiam ao desfile, em representação dos bombeiros estremocenses, o vice-presidente da Direcção (José Ferreira), o comandante do Corpo Activo, Carlos Machado, o 2º comandante do Quadro honorário, Mário Zacarias e o bombeiro João Lopes.
Como dado final refira-se que a Esperança passou pelas mãos dedicadas dos bombeiros Joaquim Paulo 'Jimmy', mecânico da corporação que carinhosamente a foi preparando naquilo que internamente foi possível fazer, do carpinteiro Víctor Santos que lhe restaurou os madeirames da carroçaria e dos utensílios de combate a incêndio, e de muitos outros bombeiros que entusiástica e desinteressadamente, ajudaram no que puderam. Mas a vetusta viatura teve, ainda, que ser submetida no exterior a um tratamento de lifting para lhe corrigir a estrutura e disfarçar algumas rugas. Apesar do muito trabalho a título gracioso de bombeiros e dirigentes, a recuperação ainda ficou em cerca de dez mil euros, angariados a muito custo. Mas valeu a pena. Pois, com a totalidade das suas peças de origem recuperadas, cromados resplandecentes, repintura total de vermelho brilhante a Esperança acordou da sua prolongada letargia e, agora, apesar de passar a maioria dos dias 'encerrada' na cave do quartel-sede, é a coqueluche das suas irmãs e primas mais novas e a menina dos olhos de toda a Corporação dos Bombeiros Voluntários de Estremoz.
E que linda que ela está.

Publicado também no nº738 do Jornal Brados do Alentejo

O Pragmático

Pintura digital de Carlos Paes sobre modelos fotográficos. Posterior caricaturização. Publicada na revista FHM (http://crgpaes.wordpress.com/2009/09/30/papa/).
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Em 29 de Setembro Cavaco Silva fez no Palácio de Belém uma declaração aos portugueses, na sequência da patética história das escutas a Belém, da qual se pode, no mínimo, dizer que não fez sentido ou então que fez um sentido que só a Cavaco foi possível perceber. As únicas ideias claras que expôs foram que o Presidente acha que ninguém fala em seu nome, a não ser os chefes das suas Casas Civil e Militar, que acha que não é crime um membro do seu staff ter sentimentos de desconfiança em relação a outras pessoas e que descobriu as vulnerabilidades dos sistemas informáticos a investidas do exterior. Tudo o mais que quis confidenciar aos portugueses (as manipulações de membros não identificados, mas identificáveis, de elementos do partido do governo no sentido de colarem o Presidente ao PSD e a tentativa de distrair os portugueses dos verdadeiros problemas que preocupavam os portugueses), independentemente da sua realidade, veio ao mundo num discurso desarticulado, irrazoável, às vezes mesmo ilógico. Cavaco Silva não tem o dom da palavra, mas, ao contrário do que é seu timbre, naquela declaração não foi assertivo. Quando se calou, o país emudeceu confuso. Pensei que era aquela a fífia de que Cavaco havia de ficar refém. Afinal Cavaco, o intocável, também se enredava na escura teia da política menos elevada e, quando se defendeu, por inexplicável falta de eficácia, apareceu como culpado.
A 17 de Maio passado, veio com nova declaração, agora sobre o diploma da Assembleia da República que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Acusando os deputados de não se terem esforçado para encontrar uma solução que evitasse “clivagens desnecessárias na sociedade portuguesa”, decidiu não vetar o diploma. O veto politico devolveria a lei ao Parlamento. Cavaco explicou que tal devolução nada mudaria, uma vez que as forças políticas que se juntaram para aprovar o diploma o fariam mais uma vez passar, obrigando o Presidente a promulgá-lo depois. Olhou, mediu, fez umas contas e decidiu não vetar, porque a lei sempre passaria, sendo melhor não perder com ela o precioso e pouco tempo que Portugal tem para discutir e resolver a “dramática situação em que o País se encontra”. Pôs, como disse, a ética da responsabilidade acima das convicções pessoais e promulgou uma lei que nunca quis.
Um sector conservador e católico da direita portuguesa perdeu a cabeça e lançou-se na busca de uma alternativa a Cavaco para a próxima corrida a Belém. Para eles, esta foi a fífia do Presidente. Cedo perceberão que não há na direita uma alternativa a Cavaco, como já se percebeu pela posição do PP e do PSD.
No meio de tudo isto, eu, que não sou uma devota de Cavaco Silva, vejo-me neste estranho papel de o compreender: Cavaco foi igual a si próprio e, sem sobressaltos, foi exactamente o homem que deu a conhecer aos portugueses. Cavaco é um pragmático e, por isso, o que faz, normalmente, é previsível. Cavaco não decide com o coração, Cavaco avalia a utilidade dos seus actos e determina-se de acordo com essa apreciação. Quem esperava de Cavaco um acto inútil, ou não o conhece, ou julgou, errando, que seria influenciado pelo estreito convívio Papal que antecedeu a decisão.
O Presidente deixou claro o que o ser humano Aníbal pensava, o que sentia, o seu desejo íntimo e decidiu em contrário, explicando de forma prática e lógica as razões por que o fez. Entendo-o, mas não deixa de me arrepiar, por ser muito contrário à minha natureza abrir mão de uma convicção.
Discorri sobre esta promulgação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e sobre o percurso lógico do raciocínio do Presidente da República que nela culminou, não pela decisão, que era previsível, mas pelo que representa na definição do homem que a tomou, em oposição àquele que podemos antecipar ser o seu grande opositor nas próximas eleições para a Presidência da República: Manuel Alegre (agora apoiado pelo PS, sem que consiga perceber se foi ele que engoliu Sócrates ou se foi Sócrates que teve que o engolir). Poderia Manuel Alegre, o Poeta, promulgar uma lei que ferisse as suas convicções íntimas, nas circunstâncias em que Cavaco o fez?
Publicado no Jornal E, nº 3, de 03/06/2010

Unir braços do mesmo rio

Delta do rio Parnaíba (Brasil), um rio que desagua por múltiplos braços. 
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Perfilho há muito a ideia de que é necessário estabelecer pontes de entendimento entre as pessoas. Cada um de nós não está atomizado na sua individualidade, uma vez que a própria vida se encarrega de nos integrar em múltiplos grupos com características diversas, nem sempre convergentes.
Alguns grupos são fechados, com códigos de conduta rígidos que a pretexto da pureza de princípios, os incapacitam de dialogar com os restantes. Entre grupos fechados só são possíveis conversas de surdos, já que como não se ouvem uns aos outros, não sabem o que os outros dizem.
Uma atitude distinta é cada um de nós e os grupos em que se insere, procurarem ouvir os outros para perceber o que eles dizem, pensam e querem. Como retribuição podem ser ouvidos e os outros ficarão a saber o que dizemos, pensamos e queremos. É possível então chegar à conclusão de que partilhamos algumas ideias comuns, o que torna possível construir algo em conjunto, facto que introduzirá laços de união entre nós. É a unidade na diversidade.
Com o tempo é possível que a área de partilha aumente, mas também é possível que não. Porém, ficámos a saber o que os outros pensam e a respeitá-los porque nos respeitam a nós. E uma coisa é certa, a partilha é só de coisas que nos unem, não de coisas que nos separam. Podemos com outros partilhar amigos, se não todos, alguns. O que não somos é obrigados a partilhar os adversários. Isso é terreno que não é partilhável.
Uma das muitas coisas que partilho com os outros é a escrita, instrumento de libertação do Homem. Filho de alfaiate, aprendi a alinhavar palavras, que permitem cerzir ideias com que se propagam doutrinas. Esse o sentido de estar hoje, aqui.
Furiosamente independente, serei sempre incisivo, cáustico quanto baste, mas sempre preciso. Serei “O FRANCO ATIRADOR”.

Hernâni Matos
Publicado também no nº 86 do Jornal ECOS

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