O Esgotamento do Modelo Português


“A economia é a ciência dos recursos escassos e é em momentos de crise, como este, que mais se faz sentir a necessidade de estudar devidamente a sociedade de um país, para poder indicar caminhos para a sua economia progredir. “
A economia portuguesa precisa desesperadamente de crescer. Só com mais crescimento se reduz o desemprego e se ultrapassa a crise do endividamento externo. Mas para crescer, a economia portuguesa precisa melhorar drasticamente a sua produtividade, isto é, produzir mais com o mesmo numero de pessoas, introduzindo novas tecnologias e novas formas de gestão.
Quem quer que estude a economia portuguesa nos dias de hoje, facilmente conclui que existe um excesso de peso do Estado na economia, sendo precisamente, esse, um dos maiores problemas: a baixa produtividade do sector público.
O Estado consome demasiados recursos para aquilo que nos oferece, sujeitando as empresas e as famílias a uma combinação pouco atractiva entre a brutalidade dos impostos cobrados e em contrapartida a qualidade dos serviços públicos que presta.
Tal ineficiência contribui de forma decisiva para a baixa competitividade da economia em geral, constituindo por conseguinte uma barreira importante ao investimento e à inovação e consequentemente um entrave ao crescimento da economia.
A presente situação do Pais não é compatível com este estado de coisas. Num contexto em que os investidores se refugiam em activos de maior qualidade, os receios quanto à solvabilidade da República Portuguesa têm-se abatido implacavelmente sobre as oportunidades de financiamento de todos os agentes económicos do país, incluindo o Estado, as empresas públicas, as empresas privadas e as famílias.
À partida, as actuais restrições no acesso ao crédito externo deveriam proporcionar incentivos suficientes para o Estado eliminar o seu excesso de gordura. Nas empresas, pelo menos, assim tende a acontecer: quando a procura cai e as condições de financiamento se agravam, as empresas não tem alternativa senão responder com a contenção de custos. A racionalização das operações, a eliminação de despesas luxuosas, o fecho de áreas de negócios menos interessantes, a renegociação de contratos e a redução do número de efectivos são formas típicas de as empresas adquirirem, em tempos de crise, a competitividade necessária para continuarem em frente.
Ora com o Estado, isso nunca acontece. Como o Estado tem o poder coercivo de cobrar impostos, pode optar por enfrentar a quebra das receitas com o aumento das taxas de imposto, em lugar de combater a ineficiência, o despesismo, e o desperdício.
De facto o tal modelo antigo da economia portuguesa, que agora se teria esgotado, nunca existiu. A sociedade deste país só evoluiu em resposta a impactos externos. Já era assim no tempo das viagens para a Índia, do comércio de escravos, do ouro do Brasil, da entrada na CEE, dos fundos comunitários e continuou a ser assim nos últimos 25 anos.
E agora, seremos capazes de fixar objectivos para a economia portuguesa e atingi-los, sem serem impostos de fora?
Fixar objectivos implica fazer escolhas, o que implica prejudicar os interesses de alguns grupos da nossa sociedade, coisa que os políticos portugueses, que governam por sondagens, não têm conseguido fazer.
Estaremos condenados a esperar que sejam as entidades externas (União Europeia ou Fundo Monetário Internacional) a obrigar-nos a evoluir no sentido certo?
Cada vez mais estou convencido que sim!

Cem temas


Escrever uma crónica num jornal é como que uma partilha de um estado de alma com aqueles que, perante a ausência de melhores alternativas para passar o tempo, acabam por ler aquilo que escrevo. Os temas são, em geral, os do nosso quotidiano… se bem que, por vezes, me apeteça deliberadamente fugir às questões da actualidade. Surgem com uma notícia, com uma leitura, com o visionamento de um filme ou com uma mensagem de correio electrónico recebida. Por exemplo, esta semana hesitei entre três temas completamente diferentes e, constato agora, vou acabar a falar de outros completamente diferentes. Queria falar sobre a atitude dos adeptos argentinos que receberam com carinho os "heróis" da sua selecção de futebol, em claro contraste com aquele estupor que, de megafone em punho, se foi pôr a ofender o Carlos Queiroz à chegada ao aeroporto. Por outro lado, ando já há algum tempo a querer partilhar com os estremocenses mais antigos algumas memórias gastronómicas que me ficaram de outros tempos passados no Júlio Zé Gato, na Leitaria dos Amigos, na Ginjinha ou na Flor do Jardim. Finalmente, também tenho andado com vontade de falar desse tema verdadeiramente universal do "Made in China" e das consequências a médio prazo para o mundo ocidental.
Enfim, um destes três temas haveria de acabar por sair hoje. Mas isso não vai acontecer… quando ia para começar a escrever reparei que esta é a crónica n.º 100 que produzo para o Brados e não resisti à tentação de reler uma boa parte delas. Fiquei tão cansado que fiquei literalmente cem, perdão, sem temas.
Na primeira crónica procurei explicar o que eu pensava que iria ser o ad valorem e a razão de ser desta expressão latina que lhe dá o título genérico. Nesse mesmo número falei também das fissuras no Gadanha e da falta de água que nos afligia. Terminei a falar do "eduquês", aquela praga dos pedagogos de trazer por casa que fizeram do ensino aquilo que ele é actualmente. No número seguinte falei sobre aquela situação deveras insólita de a Câmara ter mandado para a Assembleia Municipal as contas de 2005 sem as aprovar… com 7 abstenções, uma originalidade de que nem no Entroncamento alguma vez se lembrariam. No número três – tenham calma, não vou conseguir falar aqui sobre os 100 ad valorem – fiz a minha primeira experiência literária num género que foge claramente ao cariz técnico da minha prosa profissional, escrevendo uma chacota a que dei o nome de "Mar à Vista". (Quem me haveria de dizer que o velho comandante da nau catrineta, que na altura se tinha reformado com 1400 pipas de rum caribenho, haveria de voltar ao leme para a afundar de vez?)
Enfim, depois voltei a escrever mais 96 vezes, até hoje que é a centésima e onde, mais uma vez, acabei por fugir ao tema que tinha inicialmente previsto. Terá sido tão bom para vocês como foi para mim? Duvido! Mas lá que me tenho divertido, disso não tenho dúvidas.
Notas:
As imagens foram colhidas nos sítios para os quais apontam as respectivas hiperligações;
Publicado na edição de 08Jul2010 no Jornal Brados do Alentejo;
Também publicado em ad valorem.

Os pombos vadios

Publicado no Jornal ECOS (edição nº 88, de 1 de Julho de 2010)  
(Coluna: O FRANCO ATIRADOR)

Esta coluna vai falar hoje de “pombos vadios” ou “pombos de cidade”, que são aves distintas dos “pombos-correios” e dos “pombos bravos”.

DANOS CAUSADOS PELOS POMBOS VADIOS

Os pombos vadios desalojados maioritariamente da Torre dos Congregados e do Edifício da Câmara Municipal, acoitaram-se em edifícios com telhados abatidos e janelas partidas, como é o caso, entre outros, dos edifícios da antiga firma Luís de Sousa Duarte Campos, do CDCR, do Círculo Estremocense, do Palace Hotel e do Museu da Alfaia Agrícola. Dali partem à conquista de comida e mais território, conspurcando tudo com fezes.
Cada pombo produz cerca de 12 quilos de fezes por ano, contendo 17% de ácido fosfórico e 3,3% de ácido sulfúrico. Alguma dessas fezes são expulsas nos locais abandonados onde se asilam, vivendo aí no meio da porcaria. Essas fezes causam incómodos de ordem sanitária e higiénica e estão na origem de doenças que podem ser transmitidas ao homem.
As fezes podem cair em cima dos transeuntes, sujam a roupa nos estendais e espaços públicos, como a rua, os bancos de jardim, etc.
As fezes, de natureza ácida, corroem metais, descoram pedras e pinturas de edifícios, apodrecem madeira, danificam coberturas, provocando infiltrações, assim como as pinturas dos automóveis de forma irreversível.
As penas, sós ou conjuntamente com as fezes, entopem algerozes, caleiras e ralos. Se são diminutos os riscos de saúde pública, o mesmo não se poderá dizer da “saúde” dos telhados habitados pelos pombos da cidade, que não pediram para ser adubados e vêem a sua capacidade de escoamento diminuída.
Os pombos nidificam e reproduzem-se com muita rapidez. Podem fazer ninhos por detrás de aparelhos de ar condicionado, contaminando a qualidade do ar. Ou então em algerozes, provocando o seu entupimento e subsequentes infiltrações no interior dos edifícios.
Os pombos podem também transmitir doenças ao homem. De facto:
- a inalação de partículas de poeiras provenientes de excrementos secos, causa infecções agudas no sistema respiratório.
- a ingestão de alimentos crus ou mal cozinhados, contaminados com fezes de pombos, causa gastroenterites graves.
- a inalação de aerossóis das fezes provoca tuberculose aviária.
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POMBOS-CORREIOS
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Nada temos contra os pombos-correios, que são atletas de competição, devidamente alimentados e tratados pelos seus proprietários, que têm os seus próprios pombais, sendo a columbofilia uma actividade desportiva devidamente regulamentada por lei. De facto, a Federação Portuguesa de Columbofilia impõe aos columbófilos que vacinem os pombos-correios contra a “doença de Newcastle”, uma patologia altamente contagiosa que afecta as aves em geral e em particular os pombos vadios, os pombos bravos e os pombos-correios. Contudo, só estes últimos são vacinados, tendo os columbófilos que fazer obrigatoriamente prova dessas vacinas junto da respectiva Federação. Facultativamente, há ainda columbófilos que vacinam os pombos contra a “sarna”.
Os pombais dos columbófilos são frequentemente limpos e desinfectados com produtos químicos, pois quando não há largada, os pombos-correios estão fechados no pombal, aí deixando os excrementos. A vagabundagem nos telhados ou nos campos é contrária à prática columbófila uma vez que os pombos-correios podem contrair doenças ou ser mesmo envenenados. Do exposto se conclui que os pombos-correios não nos causam problemas. Os nossos problemas são causados pelos pombos vadios.
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MEDIDAS A TOMAR
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A nosso ver, o actual Executivo Municipal, deveria fazer o seguinte:
1 – Fazer um levantamento exacto da situação;
2 – Intimidar pelos meios legais, os proprietários de edifícios degradados onde se alojam os pombos vadios, para que visando medidas sanitárias e higiénicas, entaipem os buracos dos respectivos edifícios, para obrigar os pombos a regredir para os campos;
3 – Assumir a Câmara essa tarefa, no caso dos proprietários não responderam à intimidação, cobrando-lhes coercivamente essas despesas “à posteriori”;
4 – Dissuadir a população de dar de comer aos pombos vadios, o que para alguns, como os frequentadores do quiosque frente à Câmara, é um passatempo;
5 – Encarregar alguém de capturar os pombos vadios com armadilhas, como foi feito pela Câmara Municipal de Évora;
6 – Distribuir aos pombos vadios comida tratada quimicamente, que sem os matar, impeça a sua procriação, fazendo-os regredir em número. Assim procedeu com êxito a Câmara Municipal de Lisboa.
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UM CASO PARTICULAR
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Um caso gritante é o Palácio da Justiça de Estremoz, onde é farta a provisão de andorinhas nos beirais e nichos do edifício e onde se instalaram também os pombos vadios.
É desejável que a entidade que gere o Palácio da Justiça, possa reunir condições que lhe permitam concluir a necessidade de aplicação de rede em polietileno transparente e espigões em aço com base em PVC, aplicáveis com silicone. Isto tem sido feito em muitos edifícios públicos. A nível de edifícios ligados à Justiça temos conhecimento dos Tribunais Judiciais de Abrantes, Aveiro e de Figueira de Castelo Rodrigo. É de realçar que existindo aves como as andorinhas, que são espécies protegidas, a aplicação de sistemas dissuasores como os referidos não provoca qualquer tipo de dano às aves, limitando-se a impedir que as aves pousem e nidifiquem nos locais protegidos. Para tal, os sistemas são aplicados fora do período de nidificação e cumprindo integralmente as leis do Instituto de Conservação da Natureza.
Julgamos que pedir isto a quem tem poder para o resolver, não é pedir demais. E não digam que o país está em crise. A crise não pode servir de pretexto para um deixa andar. A sanidade, a higiene e o bem-estar dos cidadãos, não podem ser deixados para trás numa escala de prioridades.

NEWSLETTER E

JORNAL E - edição 5 - JÁ NAS BANCAS

FALSO PROBLEMA
José Oliveira, Presidente da Segurança Social do Distrito de Évora, GARANTE: "A população de etnia cigana representa menos de 5% dos beneficiários do rendimento minimo e através desta medida têm frequentado o ensino regular, têm tido acessos a cuidados de saúde e melhorado a sua inserção na comunidade."

Contrato foi por água abaixo
Estremoz sai da empresa Águas do Centro Alentejo

João Sardo
Vice-campeão nacional de hóquei em patins

ESSÊNCIA
Boletim Informativo do Recolhimento de Nossa Senhora dos Mártires em destacável de 4 páginas

Destacamos ainda nesta edição...

O Dia em que o ponto final chamou José Saramago - Página 4

Olivença é nossa - Página 7

Forcados Amadores de Sousel apresentam-se Sábado - Página 8

Mais saúde em Cano e Casa Branca - Página 10

Classe de Ballet do Orfeão de Estremoz "Tomaz Alcaide" encerra ano lectivo - Página 11

José Gonçalez entrevista Camané em "À Volta do Rossio" - Página 15

A Bola já rola - Torneios de Verão animam noites de Verão - Página 19

Pode encontrar estas e outras notícias ao longo das 28 páginas do Jornal E nº 5
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